No início da madrugada do dia 5 de fevereiro, recebi um e-mail com um relato emocionado e emocionante sobre o falecimento de Lux Interior do The Cramps. O músico faleceu a 4 de fevereiro de 2009 e menos de 24 horas após sua morte, chegava uma mensagem de um amigo, editor de uma famosa revista francesa especializada em Rock.
Li cada frase e pensei: ‘isso é especial e precisa ser publicado’. Pedi a este colega, então, permissão para reproduzir o que ele havia escrito. A resposta foi: “tudo bem, mas não mencione meu nome e preserve a identidade de algumas das personalidades que citei”.
O depoimento é importante por mostrar o trabalho de um profissional que trabalha com música e por trazer aspectos interessantes de quem foi Lux Interior, ou melhor, Erick Lee Purkisher, o ser humano que se tornou um dos grandes personagens do Rock.
Eis a mensagem com alterações pontuais, atendendo às solicitações do autor da mesma:
“No dia seguinte, convidei-os a visitar uma amiga minha, famosa atriz da qual eles eram fãs. Ivy me ligou algumas vezes e toda hora dizia uma coisa: eles cancelaram e confirmaram a visita várias vezes, porque eram um casal tímido e um pouco misterioso, esquisito talvez.
“Eu estava na casa desta amiga quando, de repente, eles bateram na porta e eu os apresentei a ela. Conversamos, e minha amiga os convidou para almoçar. Eles disseram que não podiam, pois precisavam sair para… comprar perucas!
“Jamais me esquecerei do dia que passei na casa deles. Gravamos uma longa entrevista sobre música, cinema e os Estados Unidos. Não foi uma entrevista comum. Eu nem preparei uma pauta, já que queria fazer algo diferente e especial com o The Cramps.
“Eles me mostraram todas as suas relíquias: a coleção de câmeras 3-D de Lux, antigos e raros álbuns, vídeos, brinquedos, e pinturas do assassino em série John Wayne Gracy (eles o conheceram).
“Tirei dezenas de fotos e dediquei-lhes a capa da revista para a qual eu escrevia à época. Foi um dos melhores dias da minha vida. Não foi o encontro usual com ídolos. Eu sabia que não nos tornaríamos amigos após aquela viagem, mas foi uma experiência fora do comum.
“Mantivemos contato por algum tempo após a viagem e Ivy queria se apresentar com uma lendária atriz. Eu conhecia essa atriz e passei o telefone dela a Ivy. A parceria nunca se efetivou, mas elas se tornaram amigas, e essa atriz cantou a música ‘Poison Ivy’ para Ivy ao telefone, uma atitude que a alegrou muito!
“Naqueles tempos, eu costumava viajar para os Estados Unidos muitas vezes ao ano. Sempre sozinho, sem dinheiro, e pronto para realizar oito ou dez entrevistas com músicos e atores. Em muitas ocasiões, músicos me deixaram dormir no chão ou no sofá de suas casas, porque eu não tinha dinheiro para pagar um hotel após as entrevistas. Os Cramps sabiam e gostavam da minha dedicação. Por isso me trataram tão bem, melhor que quase todos os outros artistas que me receberam em suas casas.“A morte de Lux é tão triste para quem o conheceu. Você não pode imaginar. Pedi a uma amiga que temos em comum para contatá-los e enviar minhas condolências a Ivy, mas esta amiga, uma musicista famosa, ligou agora há pouco e disse que Ivy desapareceu. Nem o empresário dos Cramps sabe onde ela está.
“Acredito que a morte de Lux tenha a ver com o estilo de vida deles, mas quem se importa com isso agora? Eles tinham um estilo de vida, e eu respeito isso. Apenas lamento muito que ele tenha morrido tão cedo. Estou realmente desolado, meu amigo.”
Por Thiago Sarkis
Site Oficial: www.thecramps.com
R.I.P. Lux Interior – (ouvindo Can Your Pussy Do The Dog?)
Cramps é uma das coisas mais brilhantes e insanas que eu já ouvi na vida. Reflexo total dos seus integrantes. Grande perda.
Primeira perda do ano! Já começamos mal! Torçamos para que este ano não seja ainda pior…
Lux…R.I.P.
Infelizmente a mídia roqueira brazuca nunca deu muita atenção ao Cramps,só me lembro de matérias grandes com eles na Bizz feitas pelo Barcinsk.
No Livro Barulho, do André Barcinski, tem uma grande matéria com o Cramps, lembro-me de tê-los descoberto lá e mudado minha vida.
Uma grande perda mesmo! O rock esta de luto!